Elpídio Martins Semedo. O nome está intrinsecamente relacionado com fundação da Caves do Solar de São Domingos, empresa vitivinícola situada no coração da Bairrada, região vinhateira portuguesa que, em 2020, celebrou 130 anos da produção de espumantes, ocasião determinante para a criação de uma caixa muito especial composta por quatro referências distintas e não só.
Comecemos pela história sobre o espumante na Região Demarcada da Bairrada que remete para finais do século XIX e tem José Maria Tavares da Silva como protagonista. Conhecido por engenheiro Tavares da Silva, nascido em Casal de Álvaro, lugar da freguesia de Espinhel, no concelho de Águeda, e licenciado, em 1881, em Agronomia, a ilustre figura cedo é conquistado pelos vinhos efervescentes. A curiosidade para esta particularidade surge enquanto dirigia a Estação Ampero-Filoxérica, dos Serviços Agrícolas de Viseu. No alinhamento do seu percurso profissional, José Maria Tavares da Silva é nomeado, em 1889, Director da então recém-criada Escola Prática de Viticultura e Pomologia da Bairrada e, em 1890, estas instalações são palco da estreia da produção de espumantes, facto que remeteu para alterações no universo vitivinícola da região.
Quatro décadas mais tarde, eis Elpídio Martins Semedo, homem empreendedor, ligado à indústria da madeira e a materiais de construção. Em finais dos anos 30 do século XX, decide erguer o edifício na sua matriz, a aldeia de Ferreiros, no concelho da Anadia, e escavar o subsolo e nele instalar galerias subterrâneas. Em 1940, no âmbito do seu negócio ligado ao vinho, soma mais uma página à sua história com a a produção do primeiro espumante.
O percurso desta casa prossegue, em 1970, com Lopo de Sousa Freitas que, com a sua visão de futuro, implementa inovação no portefólio vínico da Caves do Solar de São Domingos que, 2004, inicia o processo de produção de uva. Desde então, parte da vinha que, hoje, totaliza cem hectares de área na região bairradina, tem vindo a ser submetida a um rigoroso trabalho realizado ao longo do seu ciclo, no sentido de colher as melhores uvas eleitas para a produção de espumante.
Além de serem vindimadas mais cedo, a colheita é efetuada, à mão, por castas e estas permanecem separadas durante o processo de vinificação, com o intuito de obter as características expectáveis num vinho espumante. Os procedimentos na vinha e na adega são articulados por César Almeida e Susana Pinho, respectivamente, os responsáveis pela viticultura e enologia da Caves do Solar de São Domingos.
O resultado confere as especificidades de quatro espumantes da casa que, em 2020, estão reunidos numa caixa comemorativa criada por ocasião da celebração dos 130 anos dos espumantes da Bairrada. As referências eleitas são: São Domingos Extra Reserva Bruto (€6,20), feito a partir das castas Arinto, Cerceal e Chardonnay; Elpídio Superior Bruto 2014 (€14), composto pelas variedades de uva Chardonnay e Arinto; Lopo de Freitas Bruto 2014 (€21), com Cerceal e Chardonnay: e Elpídio 80 Bruto (€30), feito com Pinot Noir e Pinot Blanc.
Todos os espumantes da Caves do Solar de São Domingos são produzidos de acordo com o método clássico, isto é, após a segunda fermentação em garrafa, o vinho estagia sobre leveduras livres, nas galerias subterrâneas do Solar de São Domingos, por um período que varia entre os 24, tendo como exemplo o São Domingos Extra Reserva Bruto, e os 48 meses, como o Elpídio Superior Bruto 2014 e o Elpídio 80 Bruto, passando pelos 30 meses, no caso do Lopo de Freitas Bruto 2014.
Para lá do portão em ferro, as históricas galerias subterrâneas, com 12 metros de profundidade, continuam a guardam segredos de outras épocas da Caves do Solar de São Domingos.
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© Fotografia: João Pedro Rato