É o nome da mais recente propriedade da família Soares, detentora da Herdade da Malhadinha Nova. Fica em Portalegre, a 700 metros de altitude e revela-se um desafio positivo para os enólogos Nuno Gonzalez e Luís Duarte.

202 é o número da porta da residência de Jacinto, protagonista da obra “A Cidade e as Serras” (1901) do inigualável Eça de Queiroz. 202 é o número de sócios do Círculo Eça de Queiroz, clube fundado em 1940 e localizado no Chiado, em Lisboa. Eis o palco da apresentação dos vinhos da Quinta da Teixinha, no distrito de Portalegre, a mais recente aquisição da família Soares, detentora da Herdade da Malhadinha Nova, também situada no Alentejo.
Esta história tem início em 2021. A convite de um amigo, visitaram a Quinta da Teixinha, propriedade vitivinícola localizada a 700 metros de altitude, em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede. Uma preciosidade de 105 hectares, com uma envolvente que logo conquistou Rita e João Soares, a dupla indissociável de Paulo (irmão de João) e Margarete Soares.

A primeira vinha da Quinta da Teixinha data de 1997, ano da plantação de uma vinha, virada a Norte e em que as castas estão misturadas. Nas tintas, constam a Aragonez, a Alicante Bouschet e a Trincadeira; no lado das brancas contam-se a Bical, a Fernão Pires, a Salsa e a Tamarez. Duas décadas mais tarde, ou seja, em 2017, foram plantados dois hectares de vinha, com as variedades de uva Aragonez e Roupeiro.
À semelhança do trabalho que tem vindo a ser feito na Herdade da Malhadinha Nova, fica a promessa de um projecto que cruza modernidade com tradição. O objectivo é respeitar as características dos vinhos produzidos com as uvas vindimadas na propriedade de Portalegre, com destaque para a frescura, entre outros atributos, que caracterízam as referências vínicas desta região do Alto Alentejo.

O potencial da vinha da Quinta da Teixinha já pode ser apreciada com o merecido vagar. Das uvas colhidas em 2021, a dupla de enólogos Nuno Gonzalez (residente) e Luís Duarte (consultor) deram mostras da sensibilidade que possuem em matéria de vinhos. A começar no Teixinha Field Blend Branco 2021 (€25), com uma mineralidade fora de série, ou no Teixinha Roupeiro 2021 (€22), expressivo no que aos aromas diz respeito, ligeiramente frutado e, ao mesmo tempo austero e seco. Nos tintos, o Teixinha Field Blend Tava 2021 (€45) – vencedor na categoria de tintos dos mutante design awards design at wine – mostra a pureza da fruta, graças ao estágio de 14 meses em ânfora de terracota, que ajudou a arredondar os taninos e, simultaneamente, manter a frescura. O Teixinha Field Blend Barrica tinto 2021 (€35) já evidencia a fruta potenciada pelas notas tostadas distintivas das barricas de carvalho francês, onde estagiou ao longo de 14 meses, conferindo-lhe concentração aromática e taninos suaves.
Falar da família Soares no contexto vínico é merecedor da abordagem sobre os rótulos das garrafas, singularidade marcada pela história da Herdade da Malhadinha Nova, em que a participação dos filhos de João e Rita, Paulo e Margarete é uma constante através de ilustrações originais e criativas. À semelhança deste exerício, que remonta a 2003, esta nvova geração contribuiu para a imagem dos vinhos Teixinha através da escrita, com descrições sobre o que tem esta quinta de tão especial.
Brindemos!