Está aberta a época dos jantares com a família e os amigos, seja na cozinha, seja na sala, seja ao ar livre. Momentos propícios para dar a conhecer os seus gostos vínicos em boa companhia e, em breve, poder desfrutar de tão aprazível degustação nos respectivos enoturismos de produtores.
Costa Boal Family States
Comecemos por mais boas novas da Costa Boal resultantes de vinhas velhas da Quinta dos Távoras, de António Boal, localizada no planalto de Mirandela, na chamada Terra Quente da Região Demarcada de Trás-os-Montes. Códega de Larinho, Viosinho, Malvasia Fina, Rabigato, Gouveio, Paga Dívidas são algumas das muitas castas deste Palácio dos Távoras Grande Reserva Vinhas Velhas branco 2018 (€18), vinho DOC Trás-os-Montes, da Costa Boal, envelhecido em barricas de carvalho francês por dez meses. Segundo o enólogo Paulo Nunes, este branco comprova “a valorização do património das castas de Trás-os-Montes”, as quais lhe conferem “uma identidade muito própria”.
Palácio dos Távoras Grande Reserva Vinhas Velhas tinto 2016 (€18), com estágio de 14 meses em barricas novas de carvalho francês, é outro DOC Trás-os-Montes da Costa Boal. A sua composição é, 80 por cento, feita a partir das variedades de uva Bastardo, Tinta Amarela, Alicante Bouschet que, por causa da idade das vinhas de onde são provenientes e dos solos onde estas estão plantadas confere, também, o ADN transmontano e denota, simultaneamente, um potencial de guarda de dez a 15 anos. A ir para a mesa, há que servir, respectivamente, os dois vinhos à temperatura entre os 10° e os 12° C, e entre os 16° e os 18° C.
Dona Matilde
Desçamos até à Quinta Dona Matilde, propriedade vinhateira localizada entre a Régua e o Pinhão, imediatamente a seguir à barragem do Balauste, na sub-região do Cima-Corgo, na Região Demarcada do Douro, e que, desde 1927, está nas mãos da família de Manuel Ângelo Barros. A sugestão é a 12.ª edição do Dona Matilde Field Blend branco 2019 (€9), um vinho jovem, com um perfil floral, muito fresco e com boa acidez. Estas características estão associadas às quatro castas autóctones do Douro utilizadas na sua composição – Arinto, Viosinho, Rabigato e Gouveio –, mas também devido ao facto da vinha onde foram colhidas estas variedades de uva estar orientada para Sul. A servir à temperatura entre os 10° e os 12° C.
Quinta do Crasto
Em Gouvinhas, no concelho de Sabrosa, na sub-região do Cima Corgo, na mais antiga região demarcada do Douro, a Quinta do Crasto traz a terceira edição do Crasto rosé 2018 para o mercado. Feito a partir das castas Touriga Nacional e Tinta Roriz, colhidas de vinhas com mais de uma vintena de anos e com exposição a Norte, este vinho denota uma frescura aromática combinada com notas florais e, na boca, deixa transparecer os seus taninos suaves. Perfeito para acompanhar saladas, bem como sushi e sashimi, que tanto apetece para refrescar o palato. De 2019 é também a colheita do Crasto branco. Feito a partir das variedades de uva Viosinho, Gouveio e Rabigato, este DOC Douro é predominado por aromas de frutos cítricos e notas de flor de laranjeira; na boca sobressai a acidez equilibrada.
Já a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, a Touriga Franca e a Tinta Barroca são as castas que fazem parte da composição do Crasto tinto 2018, um vinho com notas frescas de frutos silvestres e notas florais; na boca sobressaem os taninos aveludados e a frescura. Sirva os dois primeiros entre à temperatura de 10° C e o último entre os 16° e os 18° C ou faça a degustação deste trio de novidades na Quinta do Crasto a partir de 1 de Junho, data em que o enoturismo reabre as suas portas, com o selo “Clean & Safe” do Turismo de Portugal e, por conseguinte, se privilegia a lotação reduzida.
O programa continua a contemplar os passeios a pé pela vinha, as viagens na Bedford e as provas de vinhos sempre na presença de um especialista da Quinta do Crasto. As refeições privadas, confeccionadas de acordo com o receiturário da região e servidas no terraço exterior da casa senhorial, vão manter-se. Preparam-se, ainda, actividades com outros operadores da região, como as viagens de barco pelo rio Douro, organizadas em parceria com a Pipadouro. Em qualquer um dos casos, a reserva passa a ser obrigatória.
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo
Rumemos a Covas do Douro, também no concelho de Sabrosa, na sub-região de Cima Corgo, no Douro, onde a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo apresenta um quinteto de vinhos feitos a partir de castas em modo de produção integrada – uns para beber e partilhar este Verão e outros para guardar. Iniciemos com Quinta Nova Colheita rosé 2019 (€14,80), em que junção das castas Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Francisca resultam num rosé predominado pela fruta vermelha e a frescura da acidez equilibrada, capaz de conquistar os enófilos.
Sigamos com o Pomares branco 2019 (€7,20), com as castas Viosinho, Gouveio e Rabigato provenientes de parcelas de vinhas de pequenos lavradores e, por consequência, de terroirs distintos que juntam neste vinho “vibrante, fresco e muito longo”, de acordo com a ficha técnica, e para o Unoaked tinto 2018 (€10,20), um lote feito a partir de Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Amarela e Touriga Nacional, castas essas que reflectem a sua riqueza e a expressão duriense, mas sem exageros. Grainha Reserva tinto 2018 (preço sob consulta) é vinho com potencial de guarda, graças às castas com que é feito – Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca e Touriga Nacional – e ao estágio de 14 meses a que foi submetido, tornando-os mais estruturado, complexo e com taninos finos.
Outro vinho para guardar é o Quinta Nova Terroir Blend Reserva 2018 (€47,70). Feito a partir das castas Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão e Tinta Roriz, revela-se um tinto elegante e sofisticado, exaltando o trabalho rigoroso de Jorge Alves e Sónia Pereira, a equipa de enologia da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo que, este em 2020, celebra 15 anos de actividade. Certificada com o selo “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, esta propriedade de 120 hectares reabre, a 5 de Junho, o seu hotel vínico de charme de 11 quartos, instalado na casa oitocentista, completamente renovado. O convite ao sossego e à leitura, na companhia de um bom vinho, a harmonização perfeita da cozinha duriense, confeccionada no restaurante Conceitos é uma realidade a não perder. Para comemorar o 15.º aniversário, estão disponíveis, ainda, o program de visitas “Um Dia no Douro Autêntico” e um outro de estadias (de três a cinco noites), o “Slowliving no Douro”. Ambos incluem várias acções, desde caminhadas pelos trilhos da quinta, a piqueniques preparados pelo chef, passeios de barco privado no rio Douro e a experiência de enólogo por um dia.
Magnum – Carlos Lucas Vinhos
Mais abaixo, na localidade de Granjinha, no concelho de Tabuaço, distrito de Viseu, está a Quinta das Herédias. A histórica propriedade duriense, localizada na margem esquerda do rio Távora e que remonta ao século XII, foi adquirida, em 2019, pela Magnum – Carlos Lucas Vinhos, empresa vitivinícola fundada em 2011, em Carregal do Sal, pelo produtor e enólogo Carlos Lucas, figura incontornável do Dão. É desta Quinta das Herédias que saem dois DOC Douro. O Herédias branco 2019 (€9) feito a partir das castas Viosinho, Rabigato, Gouveio e Arinto que resultam num vinho floral, com notas cítricas e uma frescura que apetece este Verão; e o Herédias tinto 2019 (€7,99), vinho feito a partir de Touriga Nacional, Touriga Franca, tinta Roriz e Tinta Amarela, castas tradicionais da região demarcada mais antiga do mundo que, juntas, evidenciam a presença de notas de frutos vermelhos e, na boca, conferem complexidade e acidez, características que justificam o adiamento da sua degustação para o Inverno ou, até mesmo, para daqui a cinco anos.
Além da produção de vinho e de azeite, Carlos Lucas apostou na criação de uma unidade de Turismo Rural na Quinta das Herédias. Esta é constituída por dez quartos e instalada na casa principal e nas casas dos caseiros. O jardim, a esplanada e a piscina integram esta aposta integrada na valência de enoturismo nesta propriedade do Douro.
Saímos do Douro para entrar na Região Demarcada do Dão, mas permanecemos no universo da Magnum Vinhos, desta feita, na Quinta de Santa Maria, projecto que Carlos Lucas tão bem conhece. A prova está na vinha plantada em 2001 sob a sua supervisão aquando da sua integração num outro projecto vitivinícola. Com a Quinta de Santa Maria a constar, desde Maio de 2018, no seu portefólio empresarial, Carlos Lucas apresenta, agora, três vinhos imperdíveis.
Apaixonado pelos vinhos brancos, o conhecido engenheiro apresenta o Vinha de Santa Maria Granítico branco 2019 (€12) é o DOC Dão feito a partir da casta mais afamada no Dão, a Encruzado que, neste vinho, denota a frescura e a elegância que lhe são características, bem como a sua acidez q.b. que tão bem fica com o não menos célebre Queijo da Serra da Estrela. Ainda acerca da Encruzado, esta casta será reforçada, em breve, nesta propriedade do Dão sem alterar a biodiversidade deste lugar, a qual é composta por oliveiras, pinheiro bravo e bosque.
Vinha de Santa Maria Reserva tinto 2017 é o DOC Dão feito com Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, castas que conferem aromas de fruta preta e especiarias, bem como frescura e uma persistência que combinam com pratos de Inverno, como carne assada e pratos de cogumelos ou queijos suaves. Touriga Nacional Alfrocheiro, Tinta Roriz e Tinto Cão são as variedades de uva do Vinha Santa Maria Reserva Especial tinto 2017 (€32) – só existem duas mil garrafas – , vinho para guardar já que, devido à sua complexidade, à sua intensa concentração e ao final muito longo acompanha, à mesa, vitela e cabrito assados no forno, enchidos e confit de pato, assim como foie gras.
Herdade do Esporão
Desçamos até chegar a Reguengos de Monsaraz, Alentejo, onde fica a Herdade do Esporão. Aqui foram vindimadas castas típicas da região – Antão Vaz, Arinto, Roupeiro –, entre outras, de uma vinha certificada em modo de produção integrada, para fazer este Esporão Reserva branco 2018 (preço sob consulta). Desenhado pelos enólogos consultor e residente, respectivamente, David Baverstock e Sandra Alves, este branco preserva as características das variedades de uva nele utilizadas, como os aromas frutados equilibradas pelas notas subtis das barricas e pela acidez. O vinho denota, ainda, um final persistente. Harmonize com pratos de bacalhau e carnes grelhadas.
Herdade do Sobroso
Terminemos o roteiro vínico na Herdade do Sobroso, onde a cozinha tradicional e os vinhos desta propriedade alentejana são pretextos de sobra para pernoitar no hotel vínico desta propriedade vinhateira da Vidigueira, constituído pela Casa da Quinta (quatro quartos e uma suite) e pela Casa da Cegonha (uma suite master e uma suite júnior). Localizada junto ao rio do Guadiana e com a albufeira do Alqueva a seus pés, os seus 1600 hectares zelam pela tranquilidade da paisagem alentejana que, com o clima e a acção do Homem na vinha, resultam em vinhos a conhecer. É o caso deste Herdade do Sobroso Barrique Select branco 2019 (preço sob consulta), feito a partir de Antão Vaz, casta típica desta região que, nada adega esteve em maturação sobre borras finas por três meses e estagiou parcialmente em barricas de carvalho francês conferindo, assim, frescura e intensidade a este vinho a protagonizar um brinde entre amigos.
Continue a celebração da amizade com Herdade do Sobroso Cellar Selection branco 2019, vinho em que as castas Antão Vaz e Alvarinho estagiaram, durante seis meses sobre borras finas, em barricas de carvalho francês. Este processo, supervisionado pelos enólogos Luís Duarte (consultor) e Filipe Teixeira Pinto (residente) enalteceu a frescura e a exuberância das notas de fruta branca e tropical, respectivamente, da Alvarinho e Antão Vaz. Sirva ambos entre os 13° e os 15° C, enquanto o Herdade do Sobroso Cellar Selection tinto 2018 , feito a partir das castas Syrah e Alicante Bouschet – com notas de frutos vermelhos maduros, no nariz, e elegante, na boca, devido ao estágio, de 12 meses, em pipos de carvalho francês e outros seus em garrafa –, é para degustar entre os 16° e os 18° C.
Brindemos!